
A psoríase é uma doença de pele, cujo nome é utilizado por muitas pessoas para caracterizar vermelhidão e descamação localizadas da pele, mas você sabe realmente do que se trata?
1. O que é psoríase?
A psosíase é uma doença da pele que se caracteriza por uma inflamação crônica que pode acometer diversas regiões da pele, como cotovelos, joelhos e couro cabeludo. Geralmente é caracterizada por vermelhidão grossa na pele associada à descamação descrita como “prateada”.
Pode ser classificada no consultório em diferentes formas:
- Psoríase vulgar em placas, a qual é o tipo mais comum e acomete áreas como cotovelos, joelhos, couro cabeludo e lombar
- Psoríase vulgar palmo-plantar, caracterizada por palmas e plantas grossas, com escamas, rachaduras e dor
- Psoríase invertida, que acomete regiões de dobras como axilas e virilhas, sendo dificil diferenciar de assaduras, por exemplo
- Psoríase pustulosa, que pode ser localizada nas palmas e plantas ou espalhada em todo o corpo
- Psoríase eritrodérmica, quando o paciente tem mais de 90% do seu corpo acometido pela doença]
A importância dessa classificação é tentar estimar qual o melhor tratamento para o paciente.
2. Qual a causa da psoríase?
Não existe uma causa determinada para a doença, como por exemplo algo que a pessoa acometida tenha feito ou comido, mas é importante sempre de ressaltar que não é uma doença contagiosa!!
Também não se trata de uma doença do “estresse”, visto que essa ideia é muito divulgada por pessoas leigas e, às vezes, até por profissionais da saúde. Dizer que é uma doença causada por estresse, além de culpar o próprio paciente pela sua enfermidade, não é uma informação verdadeira.

A pessoa que tem a psoríase tem informações genéticas que deixam aquele indivíduo susceptível a desenvolvê-la. São como interruptores de luz passados pelos pais – se eles se ligarão, não há como ter certeza, mas estão lá. Alguns fatores ambientais podem acabar “ligando os interruptores”, como traumas físicos, emocionais ou hábitos de vida prejudiciais, como o tabagismo. Importante reforçar que a predisposição estava lá e esses fatores apenas desencadearam o processo.
3. Como saber se eu tenho psoríase?
Um dermatologista deve ser consultado para definir se uma pessoa tem ou não a doença. Geralmente basta o exame de um profissional capacitado para se definir o diagnóstico, não sendo necessário exames de sangue ou mesmo a biópsia. Entretanto, em último caso, se alterações muito diferentes e em caso de dúvidas, o exame da biópsia da pele pode ser realizado para ajudar o médico especialista.
Mas alguns achados comuns nos pacientes com a doença são:
- Vermelhidões bem delimitadas
- Presença de escamas grosseiras associadas às vermelhidões, que soltam uma casca parecida com escamas de uma vela
- Espessamento da pele das palmas das mãos e plantas dos pés, podendo até mesmo rachar e levar a feridas bastante doloridas
- Alteração das unhas das mãos e dos pés, como pontinhos, manchas amarronzadas e desprendimento da unha do leito
De forma alguma essa lista é capaz de fazer um diagnóstico, mas caso haja alguma dessas alterações na pele ou unha, é importante que um dermatologista seja consultado.
4. A psoríase acomete somente a pele?
Não. Essa é uma doença em que existe uma alteração em uma via específica da imunidade e que pode levar à inflamação, além da pele, das unhas e das articulações. Inclusive, se a pessoa tiver alteração na unha relacionada à doença, a chance dela ter acometimento das articulações aumenta.
A alteração articular pode ser caracterizada por inchaço, vermelhidão, dificuldade de movimentar e, principalmente, dor no início do dia em articulações como coluna, mãos, pés etc. Ao se consultar com um dermatologista, ele fará perguntas e, caso suspeite de acometimento das articulações, irá encaminhar o paciente para a avaliação e seguimento conjunto de um reumatologista.

Importante também ressaltar que a psoríase também está associada a um tipo de inflamação sistêmico, aumentando risco de doenças como as cardiovasculares (derrame, infartos, AVCs), obesidade, inflamação nos olhos e intestino, entre outros.
5. Existe cura para a psoríase?
O termo “cura” não é utilizado para essa doença, visto que ela é uma doença crônica (assim como uma pressão alta ou diabetes). Mas existem, hoje em dia, muitas opções de tratamento que permitem que as pessoas acometidas vivam suas vidas livre da maior parte das suas lesões de pele.
Diversos são os tratamentos disponíveis e eles devem ser escolhidos de forma muito individual, em decisão conjunta entre paciente e seu dermatologista.

Algumas opções disponíveis são:
- Hidratantes corporais para a reestruturação da barreira da pele
- Pomadas e cremes à base corticosteroides, análogos da vitamina D e imunomoduladores
- Fototerapia, que consiste em tratamento pela luz ultravioleta de forma controlada, dentro de câmaras utilizadas para este fim
- Medicações orais, como imunomoduladores
- Medicações injetáveis no tecido subcutâneo, conhecidas como imunobiológicos
6. Existe vacina para a psoríase?
Já ouvi essa pergunta algumas vezes no meu consultório. Muitas vezes é de um paciente com suspeita de psoríase, que tem algum conhecido que iniciou o uso de uma “vacina” para o controle da doença e está muito melhor das lesões – e as vezes até “curado”!
Na verdade, essas “vacinas” são medicamentos imunobiológicos, criados por engenharia genética, e que tem como principal via de administração o tecido subcutâneo. Por isso, são administrados através de injeções na gordura da pele, como no abdome, braços e coxas, de forma semelhante às vacinas. Entretanto, o mecanismo de ação é bem diferente e, por isso, não são vacinas, mas tratamento.
Os medicamentos imunobiológicos são tratamentos muito modernos, com resposta muito interessante no controle da doença, mas que não são indicados para todas as pessoas acometidas pela psoríase. Geralmente devem ser prescritos naqueles casos sem resposta aos demais tratamentos disponíveis e naqueles casos graves, o que deve ser avaliado através de consulta com dermatologista. O custo desses tratamentos são muito elevados, mas vários deles são disponíveis, quando bem indicados, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Espero que eu tenha tirado algumas das dúvidas que, para mim, são as mais comuns na minha prática como dermatologista. Caso tenha ficado alguma, deixe aqui nos comentários que eu irei responder!

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